Eu demorei a comentar o caso aqui. E tem explicação: eu precisava ver o problema acontecer no Brasil. E depois dos testes do site Blog do iPhone eu não ví. Estranho.
O amigo leitor que ainda não sabe da confusão em torno do iPhone 4 não deve estar entendendo nada. Eu explico: o iPhone 4, aparelho da Apple mais aguardado desde o lançamento da linha em 2007 não poderia ser usado com a mão esquerda. Como assim? Toda vez que o usuário segura o aparelho com a mão esquerda o iPhone 4 fica sem sinal!
A Apple seria preconceituosa com os canhotos? É claro que não. A explicação está no design do aparelho. A antena do iPhone 4 é externa. A antena é aquela barrinha metálica que envolve o aparelho. O lado direito do aparelho é destinado para ser a antena do Bluetooth e do Wifi. Já o lado esquerdo é destinado para ser a antena do telefone em si. Como diria minha mãe, até aí morreu Neves. O problema é que quando encostamos na antena, diminuímos a sua eficácia e assim a recepção de sinal fica comprometida. Quando o seguramos com a mão esquerda, tocamos com a maior parte da mão o lado esquerdo o aparelho, interrompendo (ou não) a sua recepção de sinal.
Trata-se de um problema. Antenas externas sempre foram um ponto fraco em vários aparelhos e no iPhone 4 não é diferente. Só que, depois dos testes, posso afirmar (é claro que sem certeza absoluta, é uma conclusão pessoal) que a culpa não é só da Apple. Vamos analizar a situação:
O iPhone 4 é vendido nos Estados Unidos com exclusividade pela AT&T. Neste ponto é que temos os problemas. A AT&T é a antiga Cingular e ainda mantém o “ranso” do nome anteiror: é muito ruim de sinal. O sinal da AT&T é muito fraco devido ao posicionamento das antenas de transmissão no limite da sua capacidade. Para explicar melhor: se o sinal de uma antena de transmissão se propaga, por exemplo, até 1 KM de distância a próxima antena de transmissão deve estar a no máximo 2 KM de distância da primeira, em teoria e considerando que esta segunda antena de transmissão é igual a primeira. Esse é o caso da AT&T. Note que estou falando de mundo ideal, aquele no qual não existem interferências nem barreiras para o sinal.
Quem estiver a 300 metros de uma das duas antenas terá um bom sinal. Quem estiver a 1 KM das duas antenas (ou seja, entre uma e outra) terá um sinal muito fraco (chama-se atenuado), portanto a possibilidade de receber o sinal por parte do seu aparelho é muito menor que o aparelho do usuário a 300 metros de uma das antenas. Mas ele receberá sinal e poderá efetuar ligações.
Agora vamos para o iPhone 4. Como a antena é externa e quando tocamos na antena nós atenuamos o sinal, se o usuário desse iPhone 4 estiver na condição de 1 KM de distância das antenas ele pode não ter sinal porque além de atenuado devido a distância esse sinal será atenuado pela nossa mão encostando na antena. Some-se a isso a forma equivocada que a Apple usava para informar a potência do sinal e pronto: pessoas que alegavam ver 5 barras de sinal (quando deveriam ver no máximo duas ou três barras) ao segurar o iPhone 4 nessa condição ficam sem sinal nenhum.
Aqui no Brasil o problema não se repetiu. Porquê? A resposta é simples. Já repararam que raramente nosos telefones ficam com pouco sinal? É porque, por aqui, as antenas são dispostas de forma melhor. Isso não quer dizer que nossas operadoras são melhores do que as dos outros países. É porque aqui a concorrência é muito maior e nosso povo tem poder aquisitivo menor. Isso pode-se perceber devido ao grande número de celulares pré-pago. E para servir de diferencial na conquista do cliente as operadoras dizem que possuem a “melhor cobertura”.
Isso não quer dizer que quando você estiver com seu iPhone 4 num local com sinal fraco o “death grip” (pegada da morte) não vai acontecer. Vai sim! Só que será muito menos perceptível por aqui.
Não sou contra o iPhone 4 e, depois de ler sobre estes testes, não desaconcelho a compra. Ele vai funcionar muito bem por aqui. Só que o usuário precisa saber desses detalhes. Não quer ter dor de cabeça? Compre uma capinha e seja feliz!
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